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Ela vendeu moto por R$ 17 mil e investiu em clínica de estética para classe C; hoje fatura R$ 42 mi


O trabalho de conclusão de curso de Marisa Peraro, 45, não foi daqueles que ficam guardados 
ad eternum na biblioteca da faculdade. Pelo contrário: graduanda em administração, ela propôs em 2006 um modelo de negócios que tinha potencial e resolveu tirá-lo do papel. A ideia? Criar uma clínica de estética a preços acessíveis, sem abrir mão da qualidade.

Foi assim que surgiu o embrião da Pró-Corpo, rede especializada em procedimentos de embelezamento que hoje fatura mais de R$ 42,5 milhões ao ano. “Para abrir o negócio, teoricamente precisávamos de R$ 50 mil. Então eu e meu então marido vendemos nossa moto por R$ 17 mil e parcelamos todo o resto em 12 vezes”, afirma Marisa, em entrevista ao Estadão.

“Mesmo com essa diferença de valor, nós não passamos sufoco. Os R$ 17 mil já fizeram o negócio girar, e, no primeiro mês, tivemos 30 clientes. Foi o suficiente para abater esse capital inicial e continuar fazendo a clínica vingar.”

Com 17 unidades espalhadas pelo País e sede em São Paulo, a clínica viu o faturamento dobrar em cinco anos, e a projeção é uma curva ascendente. A previsão, em 2023, é de crescimento de mais de 10%, e já há perspectivas de abrir capital para fundos de investimento. A meta é chegar a 130 lojas em 2028, sem modelo de franquias, e atingir um faturamento anual de R$ 290 milhões.

Para ela, o coração do negócio é o marketing digital e controle de metodologia de hora em hora. “Nós trabalhamos com metas. Se uma unidade não atendeu o número de clientes estipulado para o dia, já na manhã seguinte fazemos uma reunião para entender o que aconteceu”, explica.

É por isso que uma rede de franquias Pró-Corpo, na visão de Marisa, não funciona: a ideia é garantir que cada unidade tenha o mesmo padrão de atendimento e a mesma qualidade de serviço que as demais.

Ao todo, são 23 procedimentos, que variam de R$ 80 a R$ 800 por sessão. O leque vai desde tratamentos para redução de marcas de idade até harmonização facial e preenchimento labial, queridinhos da vez pela clientela. O ticket médio, ali, é de R$ 1.300, e o público atendido é da classe C e B.

“Quando comecei a estudar o setor, fiquei incomodada com os custos cobrados por outras clínicas. Dez sessões de um procedimento de carboxiterapia, por exemplo, que trata celulite, custavam R$ 2.500, enquanto a própria máquina custava R$ 6.000. Duas clientes já praticamente pagavam a máquina, então cobrar tão caro assim não fazia sentido na minha cabeça”, conta ela. O objetivo era inverter a lógica: ganhar pela quantidade de atendimentos, e não pelo preço.

Deu certo. Hoje, o principal diferencial da marca em relação à concorrência é o valor de cada procedimento. Uma sessão de limpeza de pele na Pró-Corpo custa, hoje, R$ 90; a das concorrentes, de R$ 170 a R$ 202.

A empresa de Marisa também destaca o que chama de “Personal Estetic”, uma profissional dedicada apenas ao atendimento personalizado de cada cliente, como um diferencial. Por meio de uma avaliação, ela indica quais são os tratamentos mais adequados de forma a “evitar exageros”, nas palavras de Marisa.

O desejo de empreender começou cedo. Aos 13 anos, Marisa trabalhava em uma locadora de vídeos e, aos 16, com algumas economias guardadas e a emancipação dos pais, comprou um negócio de aluguel de livros. “Obviamente não deu certo. Dava um dinheirinho, mas era muito difícil, e a livraria faliu”, disse. Com 23 anos, entrou na Universidade Metodista de Piracicaba e, de lá, deslanchou.

“Não senti medo, na época, porque o risco era muito baixo, então não tinha problema errar. Hoje é diferente. Tenho mais medo hoje do que antes, porque tenho muito mais a perder.”

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