Alimentação para diabéticos: substituições inteligentes com baixo índice glicêmico
Com a proximidade do Dia Mundial do Diabetes, em 14 de novembro, a conscientização sobre a importância de uma alimentação adequada no controle da doença ganha ainda mais relevância. Embora o diagnóstico de diabetes, no passado, fosse encarado como uma sentença de restrições alimentares, hoje, com os avanços nos tratamentos e na compreensão da doença, é possível que pessoas diabéticas levem uma vida saudável, desfrutando de uma alimentação variada e equilibrada.
A diabetes, caracterizada pela dificuldade do organismo em regular os níveis de glicose no sangue, afeta uma parcela significativa da população. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), mais de 20 milhões de brasileiros convivem com a doença, representando cerca de 10,5% da população nacional, conforme dados do Censo 2022 e da pesquisa Vigitel 2023, do Ministério da Saúde.
Aproximadamente 90% dos casos são de diabetes tipo 2, em que o organismo não utiliza corretamente a insulina, hormônio responsável pela regulação da glicose. Esse tipo é associado a fatores como má alimentação, sedentarismo e obesidade. Já o tipo 1, menos comum, ocorre devido a fatores genéticos e autoimunes, quando o corpo não produz insulina.
Substituições inteligentes
Segundo Fernando Paiva, nutricionista e professor do curso técnico em Nutrição do Centro de Ensino Técnico (Centec), é possível adaptar receitas tradicionais sem abrir mão do sabor, especialmente na culinária brasileira e amazônica. O segredo está na escolha de alimentos com baixo índice glicêmico, que são digeridos de forma mais lenta, ajudando a evitar picos de glicose no sangue. Paiva sugere substituições simples, mas eficazes, como trocar o arroz branco pelo integral, que é rico em fibras, ou a escolha por pães integrais, ou de fermentação natural, que têm menor impacto glicêmico.
“As fibras, presentes em grãos, verduras, legumes e frutas com baixo índice glicêmico, são grandes aliadas no controle da diabetes, pois retardam a absorção de açúcar”, explica Paiva. Frutas como maçã, morango e pera, além de legumes como brócolis, berinjela e abobrinha, são exemplos que contribuem para estabilizar os níveis de glicose. “Também há opções de frutas secas, como amêndoa, avelã, amendoim, castanha de caju e castanha do Brasil”, acrescenta.
O nutricionista também destaca o papel dos peixes na dieta de quem tem diabetes, especialmente pela riqueza de opções na região amazônica. “Os pescados têm baixo teor de carboidratos e são excelentes fontes de proteínas magras e nutrientes essenciais, como as vitaminas D e B12. Além disso, receitas com peixes podem ser incrementadas de forma saborosa e saudável”, afirma.
Entre as sugestões, Paiva indica a moqueca de peixe com leite de coco light, peixes assados com legumes ricos em fibras ou com crostas de castanhas-da-Amazônia ou amêndoas, ricas em gorduras saudáveis e de baixo índice glicêmico. “Nas proteínas, também podemos incluir ervilhas, lentilhas, grão-de-bico e soja”, comenta.
Doces adaptados para diabéticos
Embora persista a ideia de que pessoas com diabetes devem evitar doces, é possível preparar sobremesas deliciosas e saudáveis. Paiva recomenda substituir o açúcar refinado por adoçantes naturais como estévia, xilitol e eritritol, que são opções mais seguras para quem precisa controlar os níveis de glicose. “Ainda assim, até mesmo o adoçante precisa ser consumido com moderação, sem deixar de verificar com um profissional a necessidade de cada paciente”, alerta.
Além dos adoçantes, é possível incorporar farinhas com baixo índice glicêmico, como as de amêndoas, coco ou aveia, ricas em fibras e ideais para receitas como bolos e tortas. “Uma ótima opção de sobremesa é a salada de frutas com iogurte natural sem açúcar. Frutas como morango, maçã, kiwi e pera são ótimas escolhas”, sugere Paiva. Para quem prefere pudins, o professor de nutrição recomenda versões feitas com leite vegetal e adoçantes naturais.
Como docente do Centec, Paiva reforça que a escola prepara seus alunos para atender todos os públicos, inclusive aqueles com restrições alimentares. “Ensinamos que um bom profissional deve saber adaptar receitas para qualquer necessidade, garantindo que todos possam aproveitar a refeição com saúde e prazer”, afirma, acrescentando uma última orientação. “Independentemente da receita, o mais importante da dieta é consumir os alimentos com moderação, porque o excesso pode acarretar danos futuros ao organismo, incluindo desequilíbrio hormonal. Consulte sempre um profissional”.
Foto: Freepik
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